E um céu numa flor selvagem
Ter o infinito na palma da mão
E a eternidade em uma hora."
Tudo é tão relativo quando se é criança. Quando a gente cresce percebe que o jornal não demora tanto assim e que a noite pode ser bem mais rápida que o dia. Percebemos que de fato poderíamos ficar altos e que isso não seria tão anormal assim. Quando crescemos observamos que conversar é mais natural que brincar, mas sempre admitimos que brincar é mais divertido.
Percebemos que 15, 16, 17 e 18 anos não são idades tão adultas e que elas podem ser as mais infantis de nossas vidas. Podemos de fato ser adultos, mas concordamos que era bem mais fácil quando era só de brincadeira. Vemos que era melhor ter brinquedos do que ser eles. Aprendemos a escutar algumas músicas que os nossos pais escutavam e entender que elas realmente fazem sentido é que a última coisa que o rock pode ser é barulhento.
Quando crescemos podemos enxergar o caráter através da roupa do herói e descobrir que também somos heróis. Tornamo-nos “Papai-Noel” ao invés de acreditar nele. Praticamos o bem ao invés de pensar no que ele é. Quando crescemos podemos ver que o amor é muito mais que um coração pintado de vermelho em uma folha de papel, mas sim uma fonte de choro e sorriso, paz e contentamento.
Fazendo o que os outros deixam de fazer.
Lembrando daquilo que os outros já esqueceram.
Contando os movimentos do ponteiro.
Escrevendo sem pretensão de entender.
Procurando o que os outros perderam.
Sendo do mundo apenas um passageiro.
Buscando algo pra se encantar.
Criando ilusões pra tentar acreditar.
Esperando a vida acontecer o dia inteiro.
Um companheiro de horas específicas, aquele que está presente mas só vem se for chamado.
Uma presença que se alastra conforme ganha espaço.
O som mais claro que se possa existir e talvez até, o som mais temido.
Dentre os amigos ele é o que não pede explicação sobre nada e faz o melhor da sua parte apenas sendo quem é.
Em um mundo onde pouco se tem ele não priva nenhum daqueles que o queiram.
Um cano de escape para os pensamentos e um braço direito para a reflexão.
Encontre-o sempre que necessário, ele nunca se esconderá em meio ao barulho.
Hoje acordei com vontade de escrever algo novo, palavras novas, linhas inacabadas. Contar histórias que estão na minha cabeça, dar vida a elas, desenvolver seus mundos. Hoje acordei querendo escutar um novo ritmo, uma nova junção de notas, uma canção inventada.
Acordei percebendo que o mundo é maior do que a minha mente pode criá-lo e que o o novo sempre esteve a espera. Às vezes sou tão preso a minha linha de tempo que esqueço que existem outras tantas linhas por aí. E isso não se trata de plantar uma árvore, escrever um livro ou ter um filho, se trata de viver e viver bem.
Acordei preferindo uma linha de tempo onde o tempo não seja controlado e nem observado. Acho que prefiro 24 horas em um espaço aberto do que poucas horas em um espaço inventado.
O que é o homem senão um conjunto de dúvidas e argumentos, que impulsionam atos e consequências até um possível esclarecimento.
O que é a sociedade senão o conjunto desses homens se digladiando em ideologias e fatos criados por outros homens que morreram nessa mesma utopia.
Crianças resmungonas, isso o que somos, tão convictos de nós mesmos e tão errados por estarmos assim. Ainda bem que o Pai sempre soube ensinar aos que quiserem aprender.