sexta-feira, 29 de abril de 2011

Attraversiamo

Deixe-me sentir o sabor dessa vida, não poupe os temperos e a massas.

Deixe-me falar outras palavras, pois estas que falo tornaram-se enfadonhas e rotineiras.

Deixe-me engordar afinal isso é normal se ninguém notou.

Deixe-me buscar algo maior do que tenho visto em minha vida.

Deixe-me ficar em silêncio para que eu possa aprender a me escutar melhor.

Deixe-me pedalar por campos verdejantes que transbordam pelos horizontes.

Deixe-me aprender um pouco mais sobre outras coisas.

Deixe-me atravessar por esse caminho.

*Um livro maravilhoso, um filme esplêndido.

Face a Face


Dentre os muitos temores que tenho um que se destaca é o que me põe face a face com alguém. Não é por medo e nem fraqueza, mas por receio. Quando duas pessoas são postas frente a frente não existem barreiras, embora se criem uma série de mecanismos de defesa. Não existe nenhum tipo de impedimento, embora o maior impedimento aconteça durante.
O medo de falar ou expressar algo impensado sempre é maior e o medo de não se segurar se torna a maior força. Quando os olhares se encontram se tornam uma arma certeira que invade a ambos de forma injusta roubando e desarmando todo tipo de armadilha. O silêncio toma conta da conversa e as palavras quase não existem embora os pensamentos gritem frases que foram silenciadas. O tempo não passa, parece que ele faz questão de ficar assistindo o desenrolar daquele momento. Tudo isso face a face.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Antes das 13h


Antes das 13h
Sorrisos eram trocados, abraços eram dados.
Antes das 13h
O tempo era curto e os minutos eram mágicos.
Antes das 13h
Os sonhos eram feitos, os projetos eram traçados.
Antes das 13h
A conversa fluía enquanto o mundo por trás desaparecia.
Antes das 13h
Não existia distância, não existia medo, existia apenas uma grande euforia.
Antes das 13h
Havia alegria.

Agora o tempo avisa
Como se não fosse capaz de sentir
Que já não são mais 13h
A hora de partir.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Através da Escuridão


O Caminho que o cercava de alguma forma se alargava, aquele floresta que pelas manhãs sempre exalava paz e harmonia agora estava sobre o forte peso do fim. Vez ou outra os pés dele vez vacilavam nas enormes raízes que saiam aos montes pelo chão, o silêncio que pairava naquele local era fúnebre como se de alguma forma estivesse querendo avisar algo, sem mais nada para fazer ele continuava caminhando, se direcionando por um caminho que ele sabia que um dia iria ter de andar. A noite fria o envolvia por todos os lados, mas ele não lhe dava atenção, ele apenas seguia o seu caminho, e a cada passo ele se lembrava de tudo aquilo que tinha acontecido de todas as perdas, de toda a luta e do motivo por ele estar ali. Embora estivesse triste de certa forma ele estava confortado, pela primeira vez a solidão fora a melhor companhia para ele naquele momento.

Alguns momentos ele vacilava em seu trajeto, chegando até a parar, mas sempre retomando sua caminhada. “Eu não posso parar”. O sentimento em seu coração por todas aquelas pessoas que ele estava deixando para trás gritava pedindo para ser levado em conta, porém ele não podia lhe dar ouvidos, pois era por aquelas pessoas que ele estava tomando esse caminho, esse caminho escuro. Estava se aproximando, ele podia sentir, o ambiente estava ficando mais frio, a escuridão estava aumentando, a escuridão estava começando a engoli-lo.

Ele iria por um fim no que estava acontecendo, um fim em todas aquelas perdas e destruição. Em meio a toda aquela escuridão ele podia enxergar uma luz, um pequeno feixe como se fosse uma esperança perdida, mas que brilhava incondicionalmente. Ele estava pronto. E agora ele se sentia convicto que através da escuridão ele ainda podia achar uma luz, finalmente chegando ao encontro que em todos esses anos ele soube que iria acontecer. Ele viu o olhar do seu destino a sua frente, fechou os olhos, esboçou um sorriso e deixou a luz vir ao seu encontro.


*Baseado em uma história que eu li e reli muitas vezes...